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Brasil-Portugal: comércio em alta

Liana Lourenço Martinelli
10 nov 2021

Dados do Ministério da Economia mostram que a corrente de comércio entre Brasil e Portugal está em alta, apesar dos efeitos provocados pela pandemia de coronavírus (covid-19), tendo aumentado 41,4% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2020.

O aumento foi puxado pelas exportações brasileiras de óleos combustíveis e soja e pelas exportações portuguesas de azeites e componentes de aeronaves, de acordo com estatísticas reunidas pela Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil em As transações entre Brasil e Portugal representaram no ano passado 0,78% dos negócios internacionais brasileiros. Nesse contexto, o Brasil vende mais do que compra. Desde 2018, houve crescimento das exportações para Portugal e uma progressiva redução das exportações portuguesas, mas, no primeiro trimestre de 2021, os números foram inferiores aos registrados no mesmo período de 2020. Apesar disso, os volumes somados do comércio entre os dois países permanecem superiores aos registrados em 2019. Portugal está na 32ª posição na lista de maiores parceiros comerciais do Brasil por volumes de exportações brasileiras. Por sua vez, Portugal ocupa o 39º lugar no ranking de países fornecedor para o Brasil. Entre 2014 e 2019, segundo dados do Ministério da Economia, registraram-se variações acentuadas na corrente de comércio. Em 2019, o intercâmbio comercial foi de US$ 1,92 bilhão, com exportações no montante de US$ 1,16 bilhão, representando queda de 19,9% em relação a 2018. Desse modo, o Brasil tornou-se o 13º país de origem das importações de Portugal e 10º país de destino das exportações portuguesas. As exportações brasileiras são, sobretudo, de produtos ligados ao setor extrativista, representando 62% de todos os produtos adquiridos por Portugal no primeiro trimestre deste ano. A pauta das importações portuguesas provenientes do Brasil também é composta por bens industriais (19%) e produtos do agronegócio (19%). Já as exportações portuguesas para o Brasil são basicamente de produtos industrializados. O Brasil vende, sobretudo, óleos minerais e as exportações portuguesas para o Brasil são lideradas por óleos vegetais. Entretanto, os volumes transacionados no primeiro trimestre para esses dois itens são expressivamente inferiores aos transacionados no mesmo período do ano passado. Os destaques positivos do período são, pelo lado brasileiro, a soja que cresceu e representa quase 11% da pauta de exportações brasileiras para Portugal. Do lado português, destaque vai para as bebidas e pescados, que cresceram no mesmo período. O saldo da balança comercial de mercadorias do Brasil foi positivo ao longo dos últimos cinco anos, chegando a 44,6 bilhões de euros em 2020, com evolução das importações e das exportações no período de 2016 a 2019, registrando queda apenas em 2020. O ritmo das exportações, que aumentou entre 2016 e 2018, desacelerou desde então. O Brasil é hoje um dos principais provedores de matérias-primas e bens intermediários para a indústria portuguesa. Com isso, altera-se o perfil das exportações brasileiras: produtos como o café, a madeira, o açúcar, o couro e o cacau, que eram dominantes no passado, vêm cedendo espaço a outros commodities como petróleo, soja, minério de ferro e milho. Em volumes mais modestos, registram-se também vendas de alimentos, frutas tropicais, mobiliário, material elétrico, artigos de couro e eletrônicos. É de se ressaltar o intercâmbio no segmento aeronáutico, em que se registram vendas de aeronaves completas e compras por firmas brasileiras de peças, acessórios e componentes. Mas aqui deve-se lembrar que a Embraer possui, desde 2012, duas fábricas de componentes em Portugal: uma em Évora, a 135 quilômetros de Lisboa, que produz peças metálicas e materiais compostos; e, em Alverca, perto de Lisboa, controla desde 2004, com 65% de participação, a Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (Ogma), a empresa aeronáutica mais tradicional de Portugal, fundada em 1918.


Liana Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio Internacional, é gerente de Relações Institucionais do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional.

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