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Comércio internacional: em ritmo de recuperação

Liana Lourenço Martinelli
21 set 2021

A previsão de que a participação do Brasil na corrente de comércio mundial em 2021 poderia vir a cair abaixo de 1%, em razão do impacto provocado pela pandemia de Coronavírus, parece cada vez mais distante. No último relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2020, já em função da diminuição do fluxo comercial, o Brasil respondeu por apenas 1% na movimentação global de exportações e importações, mantendo-se na 27ª posição no ranking do comércio mundial.

Nos seis primeiros meses de 2021, principalmente em função do crescimento das exportações em segmentos como o agropecuário, o de sucatas ferrosas e o de minério de ferro, a balança comercial registrou um superávit de U$ 37,5 bilhões, com um acréscimo de US$ 15,2 bilhões em relação ao mesmo período de 2020. Esse resultado, porém, deve ser visto com a devida cautela porque, no período anterior, a pandemia de coronavírus causou um impacto no Brasil acima da média mundial, tendo a corrente de comércio recuado 8,2%, segundo levantamento da OMC, enquanto o encolhimento no planeta foi de 7,6%. De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a retração na corrente de comércio brasileira, em 2020, resultou da queda de 7% na exportação e de 10% na importação.

Neste ano, a alta no preço internacional das commodities, produtos primários com preços formados em bolsas no exterior e o câmbio contribuíram para que números mais expressivos fossem alcançados até agora. Nos seis primeiros meses de 2021, minérios de ferro e de cobre tiveram alta de 172,1% e 82,6% na exportação, respectivamente. Café, produtos do complexo soja, açúcar, petróleo e siderúrgicos também registraram números significativos.

As taxas de crescimento do comércio exterior brasileiro foram ainda mais expressivas em junho, quando as exportações superaram as importações em US$ 10,37 bilhões, o mais alto superávit mensal de 2021. Ou seja, as vendas externas, de US$ 28,1 bilhões, subiram 60,8% ante o mesmo mês de 2020, e os gastos no exterior, de US$ 17,73 bilhões, aumentaram 61,5%.

Com isso, o Ministério da Economia já projetou um superávit de US$ 105,3 bilhões em 2021, com alta de 106% em relação a 2020. É de se lembrar que a estimativa anterior era de um saldo de US$ 89,4 bilhões. Para 2021, porém, a OMC prevê uma queda entre 13% e 32% no volume do comércio global, garantindo que será mais acentuada do que aquela registrada durante a crise financeira de 2008 e 2009. No ano passado, entre os membros do G20, grupo formado pelos ministros de Finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, a corrente de comércio diminuiu 8% em relação a 2019.

Aliás, só a China registrou crescimento na corrente de comércio em 2020, com evolução de 4% nas exportações e de 1% nas importações. Com isso, chegou a uma corrente de comércio de US$ 4,6 trilhões, aumentando a sua participação no comércio global de 12% para 13%, o que lhe garantiu a liderança no ranking, à frente de Estados Unidos, Alemanha e Japão.

Para melhorar a posição do País, está claro que ao governo brasileiro não resta outra saída que não seja avançar nas reformas estruturais, principalmente na questão da infraestrutura logística, o que ficou claro com a recente decisão do governo de aumentar em R$ 1 bilhão o orçamento do Ministério da Infraestrutura para atender à demanda das 17 obras iniciadas, retomadas ou autorizadas no primeiro semestre. Ao mesmo tempo, são necessárias medidas que promovam desburocratização, redução de tarifas, melhoria do financiamento e o fechamento de acordos comerciais para a redução de barreiras aos produtos brasileiros no exterior.


Liana Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio Internacional, é gerente de relações institucionais do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

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